Em
18 de abril de 2012 o escritor Ariano Suassuna ministrou uma palestra no Tribunal Superior do Trabalho, em que nos deixou
a mensagem de que o Brasil andava trilhando o caminho da frivolidade.
Cito aqui algumas
de suas passagens:
“Eu
me preocupo muito com esse processo de vulgarização e de descaracterização da
cultura brasileira”.
“Tudo
que nos aparece nos é empurrado de goela abaixo como ordem do primeiro mundo e
quando a gente se opõe somos chamados de arcaicos”.
“Estão
nivelando o gosto pelo gosto médio. É a pior coisa que pode acontecer”.
Fala
ainda dos falsos ídolos que nos são empurrados. E o que mais me marcou foi a seguinte
frase:
“O
escritor verdadeiro não vai atrás do lugar comum. Ele procura o que tem de
verdade por trás da aparência”.
O
vídeo da palestra que super recomendo pode ser conferido em: https://youtu.be/TQbqRon4-gQ
O
fato é que passados dois anos de sua morte, na bienal de São Paulo, em agosto
de 2016, dava pra ver bem a ilustração do que o escritor temia: frivolidade.
Vários
colegas escreveram sobre o impacto que tiveram ao expor seus trabalhos nesta edição
da bienal, quase que completamente ignorados pelo público.
Booktubers tornaram-se referência para a Literatura Nacional.
Jovens com rostos lindos ou um estilo marcante ou ousado estampam os banners
das livrarias e lotam as filas de autógrafos, enquanto autores com uma longa história
literária e publicados até internacionalmente ficavam à deriva em muitos
estandes, ignorados pelo público.
Eu conversei com muitos deles. Vi a desolação de colegas com
trabalhos que me chamaram a atenção pela qualidade e ganharam até prêmios
literários, nacionais e internacionais, mas que ali não venderam um único livro.
Imaginem! Uma escritora me contou que durante seu lançamento quase foi
atropelada por adolescentes apressadas rumo ao lançamento de jovens atrizes que
então bombavam na mídia.
E no meio disso, como fica a cultura brasileira? Como ficam
os velhos novos autores nacionais? Sem
editora. Sem distribuição. Sem divulgação. Porque vamos combinar, a
concorrência é injusta e desleal.
Ganha quem é mais jovem, fala mais alto, expõe-se mais ao
ridículo e paga mais, claro.
O autor nacional independente já lida com escassez de
público, preconceito em relação à obra nacional por grande parte dos leitores, sem contar o árduo caminho que trilha para chegar até o livro impresso.
Mas, claro, concordo com quem diz que booktubers e jovens
autores incentivam a leitura, estimulam os outros jovens, e sei muito bem que
nem sempre a novidade é frívola e fugaz. Sei que existem talentos promissores e
exceções às regras.
Nem sempre a mídia dita tudo o que se vende e se escreve. Mas
muita coisa é de uma pobreza intelectual doída.
E sim, a mídia dita grande parte do que se lê por aí.
No meio de alguma coisa legal e criativa existe sim um mar de
futilidades, modismos inúteis, ataques e apelações.
E, nós, os velhos novos nacionais, como
ficamos? Ou não ficamos? Desistimos de ser para ser engolidos pela onda do
momento?
Não!!!
Mesmo
com o que nos é “empurrado goela abaixo” continuamos questionando.
Discernindo.
Continuamos tecendo a Literatura Nacional, sejamos ignorados ou não. Seguimos lendo,
refletindo e estudando. Confeccionando páginas e páginas à espera do leitor que
tenha brasilidade. Leitor que diferentemente
daquele que a mídia comanda, precisamos conquistar e no nosso "trabalho de formiguinha" formar um a um.
Então,
colegas, minha mensagem para este fim de ano é PERSEVERANÇA.
Que
em 2017 a gente não aceite o que nos é imposto pela moda. Que a gente possa
melhorar esse cenário desolador. Formar novos leitores e persistir na busca por
um espaço na Literatura que não é só de quem pode mais, quem paga mais, mas que
é nossa também.

Bruna... as coisas são assim mesmo, infelizmente, como em todas as outras áreas da vida. É o mundo caído e egoísta. O Espírito do Pai, há muito me dizia e me mostrava porque caminho eu devia andar, mas eu tola ia empurrando com a barriga o que sabia que devia fazer ( e o que eu não sabia não buscava ).
ResponderExcluirMas hoje Ele me mostra o começo da jornada. É outra senda. Tudo oposto. A verdadeira senda.
Nessa via (que pode ser dolorosa tmb) há muita luz e alegria! Só estou vendo, aqui de longe, a primeira curva... mas a grande alegria, é que Ele, o Filho Amado do Pai, nos leva pela mão.
Não leva a Babilônia, nem a Roma, ou à Grécia... Mas a Yesushalayam!!!! <3
bjos e parabéns por dividir tão sensívelmente e com sinceridade conosco suas impressões sobre tudo isso.