03 setembro 2016

LITERATURA NACIONAL

Bienal do livro de São Paulo, 2016 Eu acreditava que o público de São Paulo era o maior público para livros e, em consequência autores, do Brasil. O fato é que levei 12 anos como autora independente para ver que a extinção da Literatura Nacional como arte está se aproximando. Por quê? Porque hoje faz sucesso a imagem, o quanto se pode pagar, o status e não a qualidade literária. Porque a mídia manipula tudo agora. Jovens gritam desesperados no Anhembi aflitos por encontrarem seus ídolos (vários youtubers que marcaram presença na bienal de livro), enquanto muitos autores, inclusive os de editoras, se tornaram "transparentes". Porque chuvas de trabalhos que não são mais do que meras cópias proliferam em pequenas e grandes editoras e gráficas, textos péssimos, para não falar em erros de ortografia gritantes e escassez de conteúdo. Acreditem, há autores em editoras conceituadas porque pagam e pagam caro por marketing e publicação.
Porque livrarias de renome lotam o pavilhão com toneladas de livros em ofertas e o espaço destinado aos independentes sofre com o anonimato e a completa falta de divulgação, sem contar a péssima localização e o quase que completo desinteresse por falta do público. Porque vejo professores desinteressados passando pela Travessa Literária, tão esquecida no fim do pavilhão, que mal olham para os autores que ali estão, com trabalhos (alguns didáticos) maravilhosos. Leitores que correm desenfreadamente nas passarelas do pavilhão para receber youtubers e ignoram autores independentes, alguns já premiados (até internacionalmente), de todo o canto do país.
Porque vejo preconceito com o livro nacional, como sempre. E preconceito injusto que ninguém faz questão de mudar. Não conhecem, não experimentam e julgam. Mas, entendam, eu não falo de pessoas que acordam e decidem ser escritores da noite para o dia por modismo, opção, comércio ou status, falo de escritores por vocação, por aqueles que dedicam suas vidas a toda uma construção intelectual e de amor à arte. Escritores com trabalhos maravilhosos que se tornaram invisíveis. Que investiram, apostaram e se tornam transparentes enquanto o público passa indiferente por seus livros. Por favor, pais, mães, professores, acordem enquanto é tempo de salvar nossa literatura. Será possível que o melhor da produção nacional tenha que correr para o exterior para ter voz e vez?

Um comentário:

  1. Não é que eu não partilhe dessa indignação, partilho. A superficialidade, o imediatismo afastam candidatos a leitores do autor brasileiro de qualidade. Mas eu ainda tenho a caixa fechada de Pandora com a esperança de que opiniões como a sua vão alcançar alguém. Um que seja. Continue falando, continue se espantando. Essa é a força motriz da mudança.

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